Um panorama da pós-graduação em Química no Brasil 


O seminário “Um panorama da pós-graduação em Química no Brasil”, o grupo PET-Química/IQ/UnB/MEC em colaboração com o Programa de Pós-Graduação em Química (PPGQ), contou com a participação do Prof. Dr. Valdir Florêncio da Veiga Júnior, atual coordenador da área de Química da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). O convidado destacou os novos desafios e paradigmas que moldarão a pesquisa acadêmica em Química no país, com ênfase na necessidade de uma abordagem mais inclusiva e alinhada às demandas tanto da comunidade científica quanto da sociedade.

Mudanças na Avaliação e Adoção de Critérios Inclusivos:

O professor apresentou a nova ficha de avaliação dos programas de pós-graduação, que adota uma metodologia conceitual e interpretativa para modernizar o processo. Uma das mudanças fundamentais é a extinção das subáreas: agora a Química será avaliada como uma única área de conhecimento. Isso exige que cada programa defina de forma clara sua missão e nicho, preferencialmente com base em dados quantitativos.

  • Parceiros e Autoavaliação: A autoavaliação passa a ser um pilar central e deve envolver a participação de parceiros externos e egressos para que o programa alcance a pontuação máxima. A ausência de colaboração da comunidade com diferentes programas de outras universidades brasileiras poderá impactar o desempenho da avaliação, impedindo que alcance as maiores avaliações.

  • Igualdade de Gênero: A nova metodologia também enfatiza a inclusão e a equidade de gênero. Os programas devem instituir uma comissão feminina para orientar as ações e garantir representação igualitária em comissões e bancas de avaliação. Além disso, foi sugerido que as coordenações alternem entre os gêneros, a fim de preservar a “memória institucional”.

  • Voz da Comunidade: As novas diretrizes resultam de um amplo processo de consulta com a Sociedade Brasileira de Química (SBQ), docentes e discentes. A inclusão do acompanhamento psicológico para a pós-graduação, por exemplo, foi uma solicitação direta dos estudantes, que foi acatado e incluído na ficha de avaliação.

Impacto da Pesquisa e Flexibilidade na Produção Acadêmica

A avaliação do impacto da pesquisa também foi reformulada, tornando-se mais abrangente e menos restrita ao fator de impacto das revistas científicas.

  • Impacto Social e Valorização da Diversidade de Produção: Agora o foco está no impacto real do trabalho na sociedade. A avaliação considera não apenas patentes, mas também livros, capítulos e outras produções relevantes, beneficiando programas voltados ao desenvolvimento regional.

  • Definição da Abrangência: É fundamental para que os programas definam claramente sua abrangência, seja ela nacional, regional ou internacional.

As transformações apresentadas buscam consolidar uma pós-graduação em Química mais inclusiva, no entanto, o seu processo de implementação das diretrizes é gradual. A primeira parte da ficha foi definida pela CAPES, e a segunda pela área de Química. A terceira e última parte será finalizada apenas em 2029, quando novos dados do programa estiverem disponíveis, permitirá ajustar parâmetros futuros.

As novas mudanças valorizam a diversidade de produção acadêmica e que respondam de maneira mais efetiva às necessidades da comunidade científica e da sociedade em geral.